Associação quer diagnóstico precoce da insuficiência cardíaca

© D.R.

A Associação de Apoio aos Doentes com Insuficiência Cardíaca alertou para necessidade de diagnosticar a doença mais precocemente, lembrando que comparticipação de uma análise específica poderia poupar três milhões de euros ao Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Em declarações à Lusa, o presidente da associação, Luis Filipe Pereira, explicou que a doença é mal compreendida pela população pois os sintomas são “muitas vezes confundidos com os de outras doenças”.

“Um dos principais sintomas é o cansaço e os edemas nas pernas, que as pessoas mais idosas associam ao envelhecimento”, explicou Luis Filipe Pereira, sublinhando que a insuficiência cardíaca “tem grande incidência nos mais idosos”: “Nestes casos, quando se fala de cansaço, as pessoas desvalorizam, porque acham que é normal, e pode não ser”.

O responsável disse que esta incapacidade de o coração conseguir fornecer o sangue adequado para todo o organismo pode ser detetada precocemente com uma análise específica – o doseamento do BNP/NT-proBNP — que, se a pessoa der entrada nas urgências com uma situação aguda acaba por fazer, mas que ainda não é comparticipada quando passada, por exemplo, pelo médico de família.

Luis Filipe Pereira sublinhou que a insuficiência cardíaca “é grave”, porque “é crónica e não tem cura”.

Lembrou que é precisamente para chamar a atenção para a importância e necessidade de antecipar o diagnóstico e reforçar a gestão da insuficiência cardíaca nos cuidados de saúde primários que a associação se vai reunir hoje com a Comissão Parlamentar de Saúde.

“Não se percebe porque é que esta análise não é comparticipada porque as pessoas, quanto mais cedo forem diagnosticadas, melhor prognóstico têm, [conseguem] uma esperança de vida mais longa e exigem menos medicamentos”, lembra o responsável, apontando a poupança que isto representa para o SNS.

Segundo o dirigente, a insuficiência cardíaca já é a terceira casa de internamento das pessoas com mais de 65 anos e sublinhou: “Uma parte muito substantiva dessas pessoas, no espaço de um ano, voltam a ser reinternadas, portanto, há todo o interesse em detetar a doença o mais cedo possível”.

As estimativas indicam que a insuficiência cardíaca afeta atualmente entre 500 a 600 mil pessoas em Portugal, sendo responsável por cerca de 5.000 mortes por ano.

O responsável, que esteve à frente da pasta da Saúde entre 2002 e 2005, disse que, com o envelhecimento da população, as estimativas apontam para uma subida na prevalência da doença até aos 70% em 2030,tornando-se numa das principais patologias crónicas em Portugal.

Luis Filipe Pereira defendeu que os decisores políticos precisam de ser sensibilizados para esta questão e para o impacto desta doença, frisando: “É possível ter uma estratégia ponderada, focada na prevenção, do que, depois, ter uma atuação de remediamento, de cura. Neste caso nem há cura”.

Em Portugal, a insuficiência cardíaca é a terceira causa mais comum de hospitalização e uma em cada cinco pessoas hospitalizadas por esta doença é readmitida, por agravamento, pelo menos uma vez no período de um ano após a alta hospitalar, o que equivale a um custo de cerca de 27 milhões de euros por ano ao Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Os custos associados à doença representam cerca de 2,6% da despesa pública em saúde, contribuindo as hospitalizações para cerca de 30% destes gastos.

Luis Filipe Pereira referiu as consequências sérias que estes fatores conjugados podem ter para o sistema de saúde, com o aumento da pressão nos cuidados hospitalares e dos custos sociais e de saúde.

Além de apontar a necessidade de uma estratégia que integre a prevenção e tratamento e a articulação entre cuidados primários e hospitalares, a associação fala igualmente na importância de desenvolver uma campanha de informação junto dos cidadãos, dos doentes e dos profissionais de saúde não especializados.

Para o responsável, a comparticipação da análise específica poderia ajudar a antecipar diagnósticos, poupando recursos. Um estudo publicado no ano passado indica uma poupança que ronda os três milhões de euros.

Recordou igualmente que esta falta de financiamento foi apontada no Consenso Estratégico para a Insuficiência Cardíaca em Portugal como uma das maiores falhas no que respeita aos cuidados relativos a esta doença em Portugal e que a utilização do BNP/NT-proBNP está recomendada há mais de 10 anos pelas ‘guidelines’ da Sociedade Europeia de Cardiologia.

Últimas do País

O vento continua a condicionar hoje o movimento no Aeroporto Internacional da Madeira – Cristiano Ronaldo e nenhum avião conseguiu aterrar ou descolar, segundo a ANA- Aeroportos de Portugal.
O presidente do Governo da Madeira disse que já tinha combinado na sexta-feira com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, o envio de meios da Proteção Civil do continente para a região.
Familiares do preso político luso-venezuelano Williams Dávila, atualmente num hospital local, pediram ao Governo da Venezuela para não o enviar de novo para a cadeia, advertindo que estariam a condená-lo à morte.
A Madeira vai receber 80 elementos da Força Especial dos Bombeiros, que chegarão à região na próximas horas para ajudar no combate ao incêndio rural iniciado na quarta-feira e com várias frentes ativas, anunciou hoje o Governo Regional.
A Polícia Judiciária está a investigar as causas do incêndio que deflagrou na sexta-feira à tarde na zona industrial do Prior Velho e destruiu mais 200 viaturas, tendo as operações de rescaldo terminado pelas 02:00 desta madrugada.
A PSP recebeu, em menos de 10 anos, quase 3.000 denúncias relacionadas com abandono de animais de companhia e identificou mais de 1.200 suspeitos pelo mesmo crime, divulgou hoje, Dia Internacional do Animal Abandonado, esta polícia.
Cerca de 50 famílias estão hoje a receber apoio clínico, social e psicológico no Curral das Freiras, na Madeira, depois de esta noite terem sido retiradas das suas habitações devido ao incêndio que atinge a freguesia, indicou o Governo Regional.
Nove hospitais têm hoje 11 serviços de urgência encerrados, nas áreas de Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia, segundo as Escalas de Urgência do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Grande parte do interior Norte e Centro do país continuam hoje em risco máximo de incêndio, assim como os municípios algarvios de Monchique, Silves, Loulé, São Brás de Alportel e Tavira, indicou o IPMA.
Quase 5.900 doentes foram internados em casa no primeiro semestre do ano, mais 19,5% comparativamente ao mesmo período do ano passado, permitindo reduzir a demora média de internamento e aliviar os hospitais em 54.135 dias de internamento.