Operação Babel: Metro do Porto repetiu ‘chumbo’ a projeto imobiliário da Fortera

© Metro do Porto

A Metro do Porto comunicou hoje que ‘chumbou’, por duas vezes, o projeto imobiliário Riverside, da Fortera, empresa envolvida na Operação Babel cujo diretor-executivo está detido, tal como o vice-presidente da Câmara de Gaia, Patrocínio Azevedo.

“A Metro do Porto, em maio de 2021, emitiu PARECER NEGATIVO, uma vez que o loteamento previsto se encontrava localizado na Zona de Proteção Funcional da futura Linha Rubi (H), Casa da Música – Santo Ovídio, colidindo parcialmente com esta”, pode ler-se num comunicado divulgado hoje pela transportadora.

Em causa está o “pedido de informação prévia relativo à operação de loteamento do empreendimento”, em abril de 2021″, do qual a empresa municipal Gaiurb deu conhecimento à Metro, “solicitando a emissão do necessário parecer”.

Nos termos do Regime Jurídico da Urbanização e Edificação, a empresa deve ser “consultada nos procedimentos de controlo prévio das operações urbanísticas sujeitas a licenciamento municipal que se realizem em áreas integradas na zona de proteção funcional da Metro do Porto, sendo o seu parecer obrigatório e vinculativo”.

“Foi assim transmitida à Gaiurb, Urbanismo e Habitação, EM a impossibilidade de licenciamento do projeto nos moldes que haviam sido apresentados”, refere a transportadora presidida por Tiago Braga, mas houve um novo pedido por parte da Gaiurb quase um ano depois.

Assim, em março de 2022, a Gaiurb, “no âmbito de um pedido de informação prévia de alteração de licença de loteamento do mesmo empreendimento”, pediu nova pronúncia, e em abril a Metro “reiterou o parecer desfavorável por se manterem as condicionantes e interferências”.

“A Metro do Porto não alterou o traçado da Linha Rubi (H)” e “não emitiu quaisquer outros pareceres, não mudou de opinião, não transigiu, nem alterou o traçado naquela zona”.

“Em respeito pelo parecer negativo emitido” em março de 2021, o concurso público da Linha Rubi, lançado em 10 de maio após Declaração de Impacto Ambiental favorável, “mantém-se inalterado no que se refere à zona de implantação do empreendimento ‘Alive Riverside'”.

Para a Metro do Porto, isso “evidencia a total congruência e correção da atuação” da empresa liderada por Tiago Braga, tendo a sociedade prestado “estas informações” e fornecido “a documentação associada às autoridades judiciárias”.

Na terça-feira, a Metro foi alvo de buscas da Polícia Judiciária (PJ) no âmbito da Operação Babel, tal como as câmaras municipais do Porto, Vila Nova de Gaia e Braga, e a Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN).

No âmbito da Operação Babel foram detidos, na terça-feira, Patrocínio Azevedo, o seu advogado João Lopes e os empresários Elad Dror (diretor-executivo e fundador do grupo Fortera) e Paulo Malafaia (já tinha sido detido na Operação Vórtex), bem como dois funcionários da Câmara do Porto e Amândio Dias, técnico superior da DRCN.

Patrocínio Azevedo terá tentado pressionar ao longo de meses o presidente da Metro do Porto, Tiago Braga, sobre a Linha Rubi, segundo o Ministério Público (MP).

De acordo com um despacho do Departamento de Investigação e Ação Penal Regional do Porto a que a Lusa teve acesso, são descritos vários momentos em que Patrocínio Azevedo estaria a “tratar” ou a “resolver” questões relacionadas com o parecer negativo ao projeto Riverside.

Segundo o MP, Paulo Malafaia entregou ao advogado João Lopes, uma bolsa com 99.600 euros “para entrega a Patrocínio Azevedo, como contrapartida da garantia da manutenção da capacidade construtiva do Riverside, a aprovação do PIP e a influência exercida junto da Metro do Porto para obtenção de uma solução para o trajeto da linha” Rubi que não prejudicasse a capacidade construtiva daquele empreendimento.

O despacho dá conta da insistência dos empresários e de intermediários junto de Patrocínio Azevedo para tentar influenciar a Metro do Porto, tendo existido várias reuniões com Tiago Braga nesse sentido, segundo o MP.

Mesmo depois de, em outubro do ano passado “a situação da linha do Metro do Porto não estar ainda definitivamente definida” e “a tramitação do PIP” ficado suspensa, obrigando os empresários a “arranjar uma solução para o Riverside e não ter de estar à espera do metro”, até junho de 2022 terão existido novas tentativas de influenciar o presidente da Metro do Porto, refere o MP.

Últimas do País

O vento continua a condicionar hoje o movimento no Aeroporto Internacional da Madeira – Cristiano Ronaldo e nenhum avião conseguiu aterrar ou descolar, segundo a ANA- Aeroportos de Portugal.
O presidente do Governo da Madeira disse que já tinha combinado na sexta-feira com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, o envio de meios da Proteção Civil do continente para a região.
Familiares do preso político luso-venezuelano Williams Dávila, atualmente num hospital local, pediram ao Governo da Venezuela para não o enviar de novo para a cadeia, advertindo que estariam a condená-lo à morte.
A Madeira vai receber 80 elementos da Força Especial dos Bombeiros, que chegarão à região na próximas horas para ajudar no combate ao incêndio rural iniciado na quarta-feira e com várias frentes ativas, anunciou hoje o Governo Regional.
A Polícia Judiciária está a investigar as causas do incêndio que deflagrou na sexta-feira à tarde na zona industrial do Prior Velho e destruiu mais 200 viaturas, tendo as operações de rescaldo terminado pelas 02:00 desta madrugada.
A PSP recebeu, em menos de 10 anos, quase 3.000 denúncias relacionadas com abandono de animais de companhia e identificou mais de 1.200 suspeitos pelo mesmo crime, divulgou hoje, Dia Internacional do Animal Abandonado, esta polícia.
Cerca de 50 famílias estão hoje a receber apoio clínico, social e psicológico no Curral das Freiras, na Madeira, depois de esta noite terem sido retiradas das suas habitações devido ao incêndio que atinge a freguesia, indicou o Governo Regional.
Nove hospitais têm hoje 11 serviços de urgência encerrados, nas áreas de Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia, segundo as Escalas de Urgência do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Grande parte do interior Norte e Centro do país continuam hoje em risco máximo de incêndio, assim como os municípios algarvios de Monchique, Silves, Loulé, São Brás de Alportel e Tavira, indicou o IPMA.
Quase 5.900 doentes foram internados em casa no primeiro semestre do ano, mais 19,5% comparativamente ao mesmo período do ano passado, permitindo reduzir a demora média de internamento e aliviar os hospitais em 54.135 dias de internamento.