Tribunal de Moscovo condena especialista em cibersegurança a 14 anos de cadeia

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Um tribunal de Moscovo condenou hoje Ilia Satchkov, o fundador da conhecida empresa russa de segurança cibernética Group-IB, a 14 anos de prisão por “alta traição”.

“O tribunal considerou Satchkov culpado de acordo com o Artigo 275 do Código Penal Russo (traição) e sentenciou-o a 14 anos de prisão (…) numa colónia penal de alta segurança”, disse o juiz Alexandre Rybak, no final da deliberação.

A procuradoria tinha pedido 18 anos de prisão, durante este julgamento que foi realizado à porta fechada, enquanto os advogados de Satchkov pediam a absolvição.

“É um momento difícil para todos nós e um dia sombrio para o mercado de segurança cibernética”, comentou Valeriy Baouline, diretor-geral da F.A.C.C.T, uma outra empresa russa de segurança cibernética.

Ilia Satchkov, de 37 anos, foi detido em setembro de 2021, acusado de “alta traição”, num caso em que as autoridades pouco revelaram, alegando a classificação de dados pelos serviços secretos russos.

Segundo a agência noticiosa Ria Novosti, as acusações não estão ligadas à Group-IB, empresa russa fundada em 2003 que se tornou uma das mais reputadas na prevenção de ciberataques, trabalhando com muitas empresas ocidentais.

Numa carta aberta divulgada em novembro de 2021, Ilia Satchkov afirmou não ser “nem um traidor nem um espião”, mas um “engenheiro russo” que repetidamente provou a sua lealdade à pátria.

Em fevereiro de 2019, Satchkov foi condecorado pelo Presidente russo, Vladimir Putin, por contribuir para o “avanço inovador” no campo da deteção e prevenção de ameaças cibernéticas.

Os casos de alta traição multiplicaram-se nos últimos anos na Rússia, em particular contra cientistas e académicos, paralelamente ao agravamento das tensões com o Ocidente.

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