EUA punem 4 agentes russos por envolvimento em envenenamento de Navalny

© D.R.

Os Estados Unidos (EUA) impuseram hoje sanções a quatro agentes do Serviço Federal de Segurança da Rússia pelo envolvimento no envenenamento do líder da oposição Alexei Navalny há três anos, anunciaram hoje os Departamentos de Estado e do Tesouro.

Os visados são Alexey Alexandrovich Alexandrov, Konstantin Kudryavtsev, Ivan Vladimirovich Osipov e Vladimir Alexandrovich Panyaev, punidos de acordo com a Lei de Responsabilidade do Estado de Direito Sergei Magnitsky de 2012.

De acordo com essa lei, os visados ficam inelegíveis para entrar ou ser admitido nos Estados Unidos e têm revogado qualquer visto emitido a seu favor.

“Hoje lembramos a Vladimir Putin (Presidente russo) e ao seu regime que há consequências não apenas por travar uma guerra brutal e não provocada contra a Ucrânia, mas também por violar os direitos humanos do povo russo”, disse o subsecretário do Tesouro para Terrorismo e Inteligência Financeira, Brian E.Nelson.

“A tentativa de assassínio de Alexei Navalny em 2020 representa o desprezo do Kremlin pelos direitos humanos, e continuaremos a usar as autoridades à nossa disposição para responsabilizar os pretensos algozes do Kremlin”, acrescentou, citado em comunicado.

De acordo com o Departamento do Tesouro, Alexandrov, Kudryavtsev, Osipov e Panyaev atuam como “agentes ou em nome de uma pessoa num assunto relacionado com execuções extrajudiciais, tortura ou outras violações graves de direitos reconhecidos internacionalmente”.

Em poucos anos, Navalny, um duro crítico de Putin, passou de militante ultranacionalista a arauto do combate à corrupção e à guerra e a principal opositor ao Governo liderado por Vladimir Putin.

Navalny sobreviveu a um envenenamento em 2020, pelo qual responsabilizou o Kremlin, e está detido desde 2021.

A 04 de agosto, um tribunal russo condenou Navalny a 19 anos de prisão por “extremismo”, a sua terceira e mais longa pena de prisão.

Navalny, condenado em 2022 a nove anos de prisão por fraude num processo que classificou como vingança política, estava desde junho a ser julgado à porta fechada por “extremismo”, no estabelecimento penitenciário IK-6 de Melekhovo, situado a 250 quilómetros a leste de Moscovo, onde se encontra a cumprir pena.

O opositor russo era desta vez acusado de ter criado uma “organização extremista”.

O grupo que fundou, o Fundo Anticorrupção (FBK), já tinha sido encerrado pelas autoridades russas em 2021 por “extremismo”, não só devido às suas atividades na denúncia de corrupção, como a declarações dos seus principais funcionários.

Foi a sua quinta condenação criminal — todas elas consideradas pelos seus apoiantes como uma estratégia deliberada do Kremlin (Presidência russa) para silenciar o seu mais feroz opositor.

O político encontra-se há meses numa minúscula cela individual, também designada como “cela de castigo”, por alegado incumprimento de normas disciplinares, como uma suposta falha em abotoar devidamente as suas roupas da prisão, apresentar-se adequadamente a um guarda ou lavar a cara a uma hora específica.

A acusação pediu ao tribunal que ordenasse que Navalny cumpra qualquer nova pena de prisão num estabelecimento prisional de “regime especial”, um termo que se refere a prisões russas com o mais elevado grau de segurança e as mais rígidas condições de encarceramento.

Últimas do mundo

A UNICEF alertou hoje para a grave situação de desnutrição aguda que se propaga rapidamente nas áreas controladas pelo Governo internacionalmente reconhecido do Iémen, com níveis “extremamente críticos” em crianças menores de cinco anos da costa ocidental.
Paetongtarn Shinawatra, filha do controverso bilionário e antigo primeiro-ministro tailandês Thaksin, foi hoje empossada como nova chefe de governo pelo rei Maha Vajiralongkorn, no final de mais uma crise política no país.
Uma organização não-governamental venezuelana denunciou que as mulheres detidas no país são constantemente sujeitas a tratamentos desumanos que vão de tortura física e psicológica à recusa de cuidados médicos adequados.
A Comissão Europeia enviou hoje um pedido de informações à Meta, ‘gigante’ tecnológica dona do Facebook e do Instagram, sobre a descontinuação do CrowdTangle, uma ferramenta para monitorizar desinformação ‘online’, questionando quais as medidas adotadas para o compensar.
A Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) voltou hoje a pedir às autoridades que respeitem os direitos dos venezuelanos perante a “incerteza” dos resultados das presidenciais de julho, em que Nicolás Maduro foi reeleito, mas que a oposição contesta.
O Papa Francisco disse hoje estar muito preocupado com a situação humanitária em Gaza, e voltou a apelar para um cessar-fogo, pedindo ainda que seja seguido “o caminho da negociação para que esta tragédia termine logo”.
O número de 40 mil mortos hoje anunciado na Faixa de Gaza em dez meses de guerra com Israel representa um “marco sombrio para todo o mundo”, lamentou o alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk.
A reunião promovida pelos mediadores internacionais para discutir um acordo de cessar-fogo em Gaza começa hoje em Doha, Qatar, e deverá prolongar-se durante vários dias, com a ausência do movimento islamita palestiniano Hamas.
Um ‘rocket’ caiu hoje ao largo de Telavive, de acordo com o Exército israelita, que reportou um disparo a partir da Faixa de Gaza, ataque já reivindicado pelo braço armado do Hamas palestiniano.
Três anos após o regresso dos talibãs a Cabul, o Afeganistão tem uma economia de "crescimento zero", com a população atolada na pobreza, uma crise humanitária que se agrava e sem esperança de melhoria num futuro próximo.