Vencedor do 3º debate entre Republicanos foi o ausente Trump

O terceiro debate televisivo das eleições primárias do Partido Republicano dos EUA ficou marcado por acesas divergências sobre aborto, imigração e China, além do ex-presidente Donald Trump, que mesmo ausente foi o vencedor, para analistas de referência.

©facebook.com/DonaldTrump

A poucas semanas do início das primeiras eleições para a escolha do candidato Republicano para a corrida à Casa Branca, Trump resolveu manter a sua decisão de não participar em qualquer debate televisivo, na posição de melhor posicionado nas sondagens, muito à frente de qualquer um dos outros nomes.

Analistas ouvidos pelo New York Times são coincidentes na opinião de que a estratégia de Trump de ficar longe do debate — na quarta-feira realizou um comício com apoiantes à mesma hora – continua a ser um sucesso.

“Este debate praticamente resolveu a disputa a favor Trump”, disse Michael McDonald, um professor da Universidade da Flórida especialista em eleições norte-americanas, na rede social X. Os candidatos presentes, argumentou, “estavam demasiado assustados para o enfrentar”.

Num balanço de vencedores e derrotados do debate, também o Washington Post e o site informativo The Hill colocam Trump como o vencedor do debate, tal como em debates anteriores.

“A liderança de Trump só tem continuado a expandir-se, e os candidatos continuam a ser avessos a até mesmo realmente tentar atacá-lo”, afirma Aaron Blake, jornalista do Washington Post.

O jornalista do Post coloca como derrotados de quarta-feira o segundo melhor candidato nas sondagens, Ron DeSantis, governador da Florida, e Nikki Haley – ex-governadora da Carolina do Sul e ex-embaixadora dos EUA na ONU, que nas últimas semanas tem subido nas intenções de voto entre Republicanos, tornando-se a terceira posicionada.

Apesar de críticas a Trump, exemplifica o Washington Post, Haley e DeSantis foram “cautelosos”, o que “não é surpreendente”. “Tem sido assim toda a corrida, e os candidatos estão obviamente preocupados com a alienação dos apoiantes de Trump. Mas não funcionou. E eles ainda não encontraram a receita para criticá-lo, mesmo de forma subtil, de uma forma que o atinja”, refere o balanço do jornal norte-americano.

No debate televisivo — transmitido pela cadeia televisiva NBC, a partir de Miami, Florida – Haley — tirou proveito da sua experiência em política externa e envolveu-se em discussões acaloradas. Num dos momentos mais animados do espetáculo televisivo, Haley disse que Vivek Ramaswamy era “escória”, a propósito de observações deste sobre a filha daquela e sobre a rede social TikTok.

Horas depois do fim do debate, os analistas elogiaram Haley pela sua postura pragmática em relação ao aborto — um dos temas centrais, sobretudo depois dos resultados das eleições locais desta semana, em que o Partido Republicano foi prejudicado pela sua posição de obstaculização ao acesso à interrupção voluntária da gravidez.

DeSantis apareceu combativo, trazendo para a discussão o tema do relacionamento que os EUA devem ter perante as ambições expansionistas da China, mas também o que fazer no conflito no Médio Oriente e perante a invasão russa da Ucrânia.

O senador Tim Scott manteve uma postura conservadora, defendendo a proibição federal do aborto após 15 semanas, mas guardou as observações mais duras para se referir ao Irão e à forma como este país tem desestabilizado o Médio Oriente, apelando a uma posição mais forte da Casa Branca perante o financiamento do terrorismo no exterior.

Chris Christie — ex-governador conhecido pela sua posição crítica sobre Trump — voltou a criticar a ausência no debate do ex-presidente, mas adotou uma abordagem menos conflituosa e opiniões mais moderadas sobre política externa, demarcando-se de Scott quando este defendeu que Washington devia atacar diretamente Teerão.

Em sentido contrário, o empresário Vivek Ramaswamy apareceu no palco com uma postura de ataque a todos os adversários destas primárias, com exceção de Trump, com quem continua a manter uma explícita deferência.

Em foco no debate, e por várias vezes, esteve o atual Presidente, Joe Biden, que foi alvo de severas críticas, sobretudo pela forma como a Casa Branca tem lidado com a situação económica — um dos trunfos dos Republicanos contra os Democratas, numa altura em que as sondagens indicam que os norte-americanos fazem uma apreciação muito negativa sobre a economia dos EUA, que continua a enfrentar dificuldades em controlar a inflação.

Últimas de Política Internacional

Milhares de venezuelanos saíram às ruas em várias cidades do continente americano para pressionar o Conselho Nacional Eleitoral, que declarou a vitória de Nicolás Maduro nas presidenciais, a divulguar as atas eleitorais de 28 de julho.
A Croácia vai reintroduzir o serviço militar obrigatório de dois meses a partir de 01 de janeiro de 2025, anunciou hoje o ministro da Defesa croata, Ivan Anusic.
O candidato republicano Donald Trump prometeu na quarta-feira que, se ganhar as eleições presidenciais em novembro, vai atacar a inflação, fazer crescer a economia e reduzir as despesas com energia a metade.
A Itália, na qualidade de presidência em exercício do G7, vai apresentar em setembro à ONU um projeto de reconstrução global para Gaza com vista ao “nascimento de um Estado palestiniano”, revelou o chefe da diplomacia italiana.
O primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, anunciou hoje que vai abandonar a liderança do Partido Democrático Liberal (PDL), no poder, o que significará o fim do mandato.
O alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos manifestou-se hoje preocupado com as detenções arbitrárias na Venezuela em protestos contra os resultados das eleições presidenciais e com “o clima de medo” vivido no país.
O porta-voz do candidato republicano à presidência dos EUA acusou a UE de tentar interferir nas eleições norte-americanas, depois de Bruxelas advertir que monitoriza a disseminação de mensagens de ódio na X (antigo Twitter).
O milionário Elon Musk afirmou que a entrevista com o ex-presidente norte-americano Donald Trump na rede social X (antigo Twitter) começou com um atraso de 45 minutos devido a um "ataque cibernético maciço".
O secretário da Defesa dos EUA ordenou o acelerar do destacamento de um porta-aviões para o Médio Oriente, onde aumentam os receios de um alastramento regional da guerra entre Israel e o Hamas.
O chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, reiterou hoje a condenação “enérgica” da China ao recente assassínio, no Irão, do líder político do Hamas, que descreveu como uma “grave violação da soberania iraniana”.