Urgência do Santa Maria regista pico com número mais alto de episódios desde outubro

A Urgência Central do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte (CHULN), em Lisboa, atendeu, na sexta-feira, 470 casos, o número mais elevado desde o início de outubro, estando a passar por um período “extraordinariamente duro”, disse o diretor.

© D.R.

De acordo com dados do CHULN os 470 episódios de urgência atendidos correspondem a um aumento de 50% em relação ao mesmo dia da semana anterior.

“Estamos com algumas dificuldades. Tivemos um aumento muito grande da afluência no dia de ontem [sexta-feira]. Hoje mantemos uma afluência aumentada em relação a dias anteriores e sabemos que existem vários hospitais à volta que determinadas valências encerradas e é necessária uma coordenação muito grande”, disse o diretor do serviço de urgência do Hospital Santa Maria, João Gouveia.

Em declarações à agência Lusa, o responsável disse que na região de Lisboa e Vale do Tejo “só há dois hospitais a dar resposta a algumas das valências mais exigentes”, o que faz com que a situação seja, resumiu, “extraordinariamente dura”.

“É necessário poupar e preservar estes hospitais”, disse João Gouveia que aproveitou para apelar aos utentes para que recorram a meios alternativos à urgência em caso de doença não aguda ou grave.

Dezenas de hospitais do país estão a enfrentar constrangimentos e encerramentos temporários de serviços devido à dificuldade das administrações completarem as escalas de médicos, na sequência de mais de 2.500 médicos terem entregado escusas ao trabalho extraordinário, além das 150 horas anuais obrigatórias, em protesto após mais de 18 meses de negociações sindicais com o Governo.

Esta crise já levou o diretor executivo do SNS, Fernando Araújo, a admitir que este mês poderá ser dramático, caso o Governo e os sindicatos médicos não consigam chegar a um entendimento.

Questionado sobre se teme que esta situação se agudize nos próximos dias, o diretor disse que o preocupa o que chamou de “efeito bola de neve”, ou seja “os doentes que se vão acumulando e vão ficando internados e vão sobrecarregar mais”.

“E ao mesmo tempo preocupa-me que comece o inverno e vamos ter um conjunto de outras doenças e maior carga de outras doenças. É importante que as pessoas façam as campanhas de vacinação e se protejam contra o frio”, referiu.

Face aos constrangimentos na rede de urgências hospitalares na região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT), o CHULN sublinhou hoje, através das suas redes sociais, o aconselhamento à utilização dos cuidados de saúde primários da área de residência das famílias nos casos menos urgentes.

A nota publicada refere os horários e as áreas de referência dos vários centros de saúde da região.

Também é apelado a que os utentes, perante um problema de saúde não emergente e antes de se dirigirem a uma urgência hospitalar, usem a Linha SNS24 (808 24 24 24), e ao INEM (112) em caso de situação grave.

“As pessoas devem ter uma postura proativa em relação à sua saúde e comportamentos saudáveis. Mas quando têm problemas, devem saber que existem várias soluções e um serviço de urgência não é obrigatoriamente a primeira solução. Se precisam de um serviço de urgência, é mais seguro virem com profissionais para o serviço de urgência acompanhados, ligando para INEM ou Saúde24, conforme as situações”, disse João Gouveia.

Já na nota divulgada pelo CHULN é vincado que “estas medidas são importantes para preservar a capacidade de resposta atempada dos serviços de urgência para os casos mais graves e evitar tempos de espera indesejáveis nos casos menos urgentes”.

No mesmo texto, o centro hospitalar “sublinha e agradece a abnegação e profissionalismo das suas equipas na manutenção de uma resposta diária diferenciada e ininterrupta à população de toda a região de Lisboa num contexto de maior pressão assistencial”.

Últimas do País

O vento continua a condicionar hoje o movimento no Aeroporto Internacional da Madeira – Cristiano Ronaldo e nenhum avião conseguiu aterrar ou descolar, segundo a ANA- Aeroportos de Portugal.
O presidente do Governo da Madeira disse que já tinha combinado na sexta-feira com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, o envio de meios da Proteção Civil do continente para a região.
Familiares do preso político luso-venezuelano Williams Dávila, atualmente num hospital local, pediram ao Governo da Venezuela para não o enviar de novo para a cadeia, advertindo que estariam a condená-lo à morte.
A Madeira vai receber 80 elementos da Força Especial dos Bombeiros, que chegarão à região na próximas horas para ajudar no combate ao incêndio rural iniciado na quarta-feira e com várias frentes ativas, anunciou hoje o Governo Regional.
A Polícia Judiciária está a investigar as causas do incêndio que deflagrou na sexta-feira à tarde na zona industrial do Prior Velho e destruiu mais 200 viaturas, tendo as operações de rescaldo terminado pelas 02:00 desta madrugada.
A PSP recebeu, em menos de 10 anos, quase 3.000 denúncias relacionadas com abandono de animais de companhia e identificou mais de 1.200 suspeitos pelo mesmo crime, divulgou hoje, Dia Internacional do Animal Abandonado, esta polícia.
Cerca de 50 famílias estão hoje a receber apoio clínico, social e psicológico no Curral das Freiras, na Madeira, depois de esta noite terem sido retiradas das suas habitações devido ao incêndio que atinge a freguesia, indicou o Governo Regional.
Nove hospitais têm hoje 11 serviços de urgência encerrados, nas áreas de Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia, segundo as Escalas de Urgência do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Grande parte do interior Norte e Centro do país continuam hoje em risco máximo de incêndio, assim como os municípios algarvios de Monchique, Silves, Loulé, São Brás de Alportel e Tavira, indicou o IPMA.
Quase 5.900 doentes foram internados em casa no primeiro semestre do ano, mais 19,5% comparativamente ao mesmo período do ano passado, permitindo reduzir a demora média de internamento e aliviar os hospitais em 54.135 dias de internamento.