“Ditadura já está instalada na Guiné-Bissau”

O ativista Paulo Sousa Cordeiro, um dos organizadores da manifestação de guineenses hoje em Lisboa, considerou que "a ditadura já está instalada na Guiné-Bissau" e defendeu que Portugal tem de exigir a democracia neste país africano.

©Facebook de General Umaro Sissoco Embaló

“Houve um desrespeito total, houve um decreto emitido que colocou o parlamento fora da lei, e é nessa base que convocámos a manifestação para continuar a exigir que se respeite a Constituição e devolva o Parlamento e o Governo”, disse o ativista à Lusa na Praça Marquês de Pombal, de onde partiu a marcha até ao Rossio.

O emigrante guineense que se deslocou da Alemanha para Portugal para esta manifestação, que junta cerca de 500 pessoas, disse que “a ditadura já está instalada na Guiné-Bissau” e acrescentou que “o que resta é o povo levantar-se e lute e consiga restituir a democracia” neste país africano lusófono.

Sobre o papel de Portugal nesta crise política, Paulo Sousa Cordeiro afirmou: “Temos de despertar a comunidade internacional, em especial Portugal, que deu respaldo ao regime ditatorial da Guiné-Bissau”.

Para este manifestante, “Portugal, um país irmão que faz parte da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), devia trabalhar no sentido de exigir que a Guiné-Bissau seja um país verdadeiramente democrático”.

Cerca de 500 pessoas estão nesta altura a caminho do Rossio, pela Avenida da Liberdade e vindas da Praça Marquês de Pombal, participando na manifestação pela “reposição da Assembleia Nacional Popular guineense e pela democracia’, organizada pela diáspora guineense na Europa.

O Presidente da República da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, dissolveu o parlamento, em dezembro, e substituiu o Governo da maioria PAI-Terra Ranka por um de iniciativa presidencial, apesar de a Constituição impedir a dissolução nos 12 meses posteriores às eleições legislativas, que decorreram em junho de 2023.

Quando decretou a dissolução do parlamento, Umaro Sissoco Embaló considerou que houve uma tentativa de subversão da ordem constitucional com o patrocínio da Assembleia Nacional Popular por, na sua interpretação, falhar nas funções de escrutínio ao Governo.

Em seguida, o Presidente demitiu o primeiro-ministro, Geraldo Martins, depois de este recusar formar um Governo de iniciativa presidencial, e nomeou, em substituição, Rui Duarte de Barros, episódios de uma crise que começou a ser desenhada na sequência de confrontos entre militares, nos passados dias 30 de novembro e 01 de dezembro.

O diferendo entre o Presidente guineense e Domingos Simões Pereira, que é presidente do parlamento e também líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC, que lidera a coligação PAI-Terra Ranka), arrasta-se desde as eleições presidenciais de 2019, cuja segunda volta foi disputada por ambos.

A coligação Plataforma Aliança Inclusiva (PAI) – Terra Ranka, liderada pelo PAIGC, venceu as eleições legislativas de junho com maioria absoluta.

No passado mês de janeiro, o Ministério do Interior proibiu quaisquer manifestações ou comícios públicos em toda a Guiné-Bissau, em decorrência de operações de busca e apreensão de armas de fogo no país.

Os líderes dos partidos PRS, Madem-G15 e APU-PDGB, que fazem parte do Governo de iniciativa presidencial atualmente no poder, questionam a proibição, dando nos últimos dias sinais de desentendimentos políticos com Umaro Sissoco Embaló.

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