António Guterres alarmado com invasão da embaixada mexicana em Quito

O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse estar alarmado com a invasão da embaixada do México em Quito pela polícia do Equador, que terminou com a detenção do antigo vice-presidente equatoriano Jorge Glas.

© Facebook da ONU

 

O português sublinhou num comunicado a importância da inviolabilidade do solo diplomático e considerou que qualquer violação “comprometeria o prosseguimento de relações internacionais normais”.

De acordo com o porta-voz Stéphane Dujarric, o secretário-geral das Nações Unidas instou o Equador e o México a demonstrarem moderação e a “resolverem as suas diferenças por meios pacíficos”.

Um grupo de agentes da polícia do Equador invadiu na sexta-feira a embaixada mexicana em Quito, onde estava refugiado Jorge Glas, horas depois do México ter concedido asilo político ao ex vice-presidente equatoriano.

Pouco depois, o Governo do Equador confirmou a detenção de Glas, alvo de um mandado de prisão por desvio de fundos públicos, e que se refugiou na embaixada mexicana em 17 de dezembro, numa decisão que agravou ainda mais as tensões entre os dois governos.

A ministra equatoriana dos Negócios Estrangeiros, Gabriela Sommerfeld, disse no sábado que o Equador tinha esgotado o diálogo com o executivo mexicano e que sabia do risco de fuga iminente de Glas.

Após a invasão da embaixada, o Presidente do México Andrés Manuel López Obrador ordenou a suspensão das relações diplomáticas com o Equador, uma medida seguida também pela Nicarágua.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros mexicano anunciou no sábado o encerramento da embaixada em Quito por tempo indeterminado, suspendendo os serviços consulares para mais de 1.600 mexicanos que vivem no Equador.

Num comunicado, a diplomacia disse que os mexicanos poderão receber assistência através da Internet ou em embaixadas de outras nações, como Chile, Colômbia e Peru.

O ministério acrescentou que um grupo de 18 pessoas, composto pelos diplomatas mexicanos e seus familiares, irá regressar hoje do Equador.

Diversos líderes latino-americanos, como os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, Gustavo Petro, da Colômbia, e Gabriel Boric, do Chile, além do Governo da Argentina, já condenaram a invasão.

No sábado, também o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA condenou a invasão e instou os dois aliados de Washington a “resolverem as suas diferenças de acordo com as normas internacionais”.

A Presidente da Honduras, Xiomara Castro, que atualmente preside à Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos, convocou no sábado uma reunião da ‘troika’ do organismo para discutir a invasão, a pedido da Colômbia.

Um grupo de manifestantes protestou no sábado em frente à Embaixada do Equador na Cidade do México, cercada por agentes das forças de segurança, que colocaram cercas metálicas em torno do edifício.

Últimas do mundo

A UNICEF alertou hoje para a grave situação de desnutrição aguda que se propaga rapidamente nas áreas controladas pelo Governo internacionalmente reconhecido do Iémen, com níveis “extremamente críticos” em crianças menores de cinco anos da costa ocidental.
Paetongtarn Shinawatra, filha do controverso bilionário e antigo primeiro-ministro tailandês Thaksin, foi hoje empossada como nova chefe de governo pelo rei Maha Vajiralongkorn, no final de mais uma crise política no país.
Uma organização não-governamental venezuelana denunciou que as mulheres detidas no país são constantemente sujeitas a tratamentos desumanos que vão de tortura física e psicológica à recusa de cuidados médicos adequados.
A Comissão Europeia enviou hoje um pedido de informações à Meta, ‘gigante’ tecnológica dona do Facebook e do Instagram, sobre a descontinuação do CrowdTangle, uma ferramenta para monitorizar desinformação ‘online’, questionando quais as medidas adotadas para o compensar.
A Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) voltou hoje a pedir às autoridades que respeitem os direitos dos venezuelanos perante a “incerteza” dos resultados das presidenciais de julho, em que Nicolás Maduro foi reeleito, mas que a oposição contesta.
O Papa Francisco disse hoje estar muito preocupado com a situação humanitária em Gaza, e voltou a apelar para um cessar-fogo, pedindo ainda que seja seguido “o caminho da negociação para que esta tragédia termine logo”.
O número de 40 mil mortos hoje anunciado na Faixa de Gaza em dez meses de guerra com Israel representa um “marco sombrio para todo o mundo”, lamentou o alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk.
A reunião promovida pelos mediadores internacionais para discutir um acordo de cessar-fogo em Gaza começa hoje em Doha, Qatar, e deverá prolongar-se durante vários dias, com a ausência do movimento islamita palestiniano Hamas.
Um ‘rocket’ caiu hoje ao largo de Telavive, de acordo com o Exército israelita, que reportou um disparo a partir da Faixa de Gaza, ataque já reivindicado pelo braço armado do Hamas palestiniano.
Três anos após o regresso dos talibãs a Cabul, o Afeganistão tem uma economia de "crescimento zero", com a população atolada na pobreza, uma crise humanitária que se agrava e sem esperança de melhoria num futuro próximo.