Argentina regista excedente orçamental pela primeira vez em 16 anos

A Argentina acumulou um excedente orçamental equivalente a 0,2% do produto interno bruto (PIB) no primeiro trimestre do ano, pela primeira vez desde 2008, anunciou o Presidente, Javier Milei.

© facebook de Javier Milei

 

O chefe de Estado ultraliberal anunciou na segunda-feira que o setor público argentino registou um resultado financeiro (incluindo o pagamento dos juros da dívida externa) de 1,13 biliões de pesos (1,22 mil milhões de euros).

Sem contar com o pagamento da dívida, o excedente das contas públicas da Argentina teria atingido 3,8 biliões de pesos (3,96 mil milhões de euros), 0,6% do PIB, entre janeiro e março.

Milei divulgou os resultados das contas públicas, algo normalmente feito através de um comunicado, numa mensagem de 16 minutos gravada na Casa Rosada, a sede do Governo, rodeado pela tutela da Economia e divulgada pela imprensa pública.

“É um feito de proporções históricas a nível mundial”, disse o economista, que tomou posse a 10 de dezembro, com a promessa de fechar este ano com um excedente orçamental.

Em 2023, a Argentina registou um défice primário equivalente a 2,9% do PIB e um resultado financeiro negativo de 6,1%.

Sem um aumento das receitas, Milei explicou o excedente com cortes drásticos nas transferências para as províncias, educação e saúde, paralisação do investimento em obras públicas, despedimentos na função pública, cortes nos subsídios aos transportes, eletricidade e gás e aumentos das pensões muito abaixo da inflação.

O Presidente argentino disse que o excedente fiscal é a única maneira de acabar com o “inferno inflacionário”. A Argentina registou uma inflação de 211,4% em 2023, a taxa mais elevada do mundo.

A redução na despesa tem originado forte oposição e na segunda-feira ativistas dos direitos humanos e figuras da cultura argentina pediram ao parlamento para destituir Milei devido à “possível prática de crimes”.

O documento dá como exemplo o esvaziamento do plano contra a fome, a suspensão de uma agência pública que apoiava doentes na aquisição de medicamentos e equipamento médico e os cortes na educação pública.

Os estudantes universitários prometeram realizar hoje uma marcha contra os cortes no financiamento do ensino superior público, enquanto a Confederação Geral do Trabalho, o maior sindicato da Argentina, está a preparar a segunda greve geral a 09 de maio.

Com o salário mínimo fixado em 202 mil pesos (200 euros) e 41,7% da população a viver na pobreza, o consumo tem caído e os analistas preveem uma contração do PIB de 3,5% este ano.

Mas Milei mostrou-se otimista, dizendo que a economia vai crescer graças à indústria mineira e do petróleo, à agricultura e ao investimento privado.

Últimas do mundo

A UNICEF alertou hoje para a grave situação de desnutrição aguda que se propaga rapidamente nas áreas controladas pelo Governo internacionalmente reconhecido do Iémen, com níveis “extremamente críticos” em crianças menores de cinco anos da costa ocidental.
Paetongtarn Shinawatra, filha do controverso bilionário e antigo primeiro-ministro tailandês Thaksin, foi hoje empossada como nova chefe de governo pelo rei Maha Vajiralongkorn, no final de mais uma crise política no país.
Uma organização não-governamental venezuelana denunciou que as mulheres detidas no país são constantemente sujeitas a tratamentos desumanos que vão de tortura física e psicológica à recusa de cuidados médicos adequados.
A Comissão Europeia enviou hoje um pedido de informações à Meta, ‘gigante’ tecnológica dona do Facebook e do Instagram, sobre a descontinuação do CrowdTangle, uma ferramenta para monitorizar desinformação ‘online’, questionando quais as medidas adotadas para o compensar.
A Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) voltou hoje a pedir às autoridades que respeitem os direitos dos venezuelanos perante a “incerteza” dos resultados das presidenciais de julho, em que Nicolás Maduro foi reeleito, mas que a oposição contesta.
O Papa Francisco disse hoje estar muito preocupado com a situação humanitária em Gaza, e voltou a apelar para um cessar-fogo, pedindo ainda que seja seguido “o caminho da negociação para que esta tragédia termine logo”.
O número de 40 mil mortos hoje anunciado na Faixa de Gaza em dez meses de guerra com Israel representa um “marco sombrio para todo o mundo”, lamentou o alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk.
A reunião promovida pelos mediadores internacionais para discutir um acordo de cessar-fogo em Gaza começa hoje em Doha, Qatar, e deverá prolongar-se durante vários dias, com a ausência do movimento islamita palestiniano Hamas.
Um ‘rocket’ caiu hoje ao largo de Telavive, de acordo com o Exército israelita, que reportou um disparo a partir da Faixa de Gaza, ataque já reivindicado pelo braço armado do Hamas palestiniano.
Três anos após o regresso dos talibãs a Cabul, o Afeganistão tem uma economia de "crescimento zero", com a população atolada na pobreza, uma crise humanitária que se agrava e sem esperança de melhoria num futuro próximo.