Redução de impostos e aumentos da função pública são risco orçamental

A Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) alertou hoje que a redução de impostos e os aumentos da função pública são um risco para o saldo orçamental projetado no Programa de Estabilidade, de acordo com a análise hoje divulgada.

© D.R.

 

No relatório de apreciação do Programa de Estabilidade 2024-2028, a unidade coordenada por Rui Nuno Baleiras destaca que o impacto orçamental da adoção de novas medidas, face ao cenário orçamental em políticas invariantes apresentado pelo executivo, constitui riscos orçamentais.

“A confirmar-se, e dependendo da sua dimensão financeira, as novas medidas de política orçamental que venham a ser adotadas podem constituir um risco orçamental descendente”, refere, apontando como exemplos “a redução da tributação em sedes de IRS e IRC e o incremento permanente de despesas com pessoal”.

A UTAO alerta que “o incremento permanente na despesa com pessoal decorrente de pressões remuneratórias ao nível de reposição de tempo de serviço, suplementos remuneratórios e revindicações de outras classes profissionais das AP [Administrações Públicas], dependendo da dimensão e do faseamento temporal em que ocorrerem, constitui um risco orçamental descendente”.

Entre os riscos aponta o agravamento das tensões no Médio-Oriente que poderá levar ao encarecimento dos custos energéticos, o atraso na implementação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), bem como despesa adicional em defesa e segurança.

A UTAO elenca ainda a “ocorrência com maior regularidade de eventos meteorológicos”, como a seca severa e o risco de incêndio, que pode potenciar “a intervenção pública através da atribuição de apoios para mitigar os efeitos destes eventos extremos”, e riscos associados às Parcerias Público-Privadas (PPP).

Os técnicos de apoio aos deputados assinalam ainda que a projeção do ano de 2024 corresponde a um quadro orçamental menos benévolo do que o anterior, já que “a retirada dos estímulos orçamentais respeitantes às medidas transitórias (pacote covi-19 e inflação) e a evolução previsional da receita não são suficientes para compensar o agravamento da despesa primária com medidas permanentes e encargos com a dívida, refletindo-se na erosão do saldo”.

Nota ainda que o Programa de Estabilidade “projeta um ritmo de crescimento da despesa superior ao da receita ao longo do ano de 2024 e até 2027” e que a receita prevista situa-se 6,3% acima da execução provisória de 2023, assente no aumento da tributação indireta e das contribuições sociais.

Realça ainda que o documento “não informa sobre medidas de política orçamental”, tendo a UTAO solicitado, “sem sucesso”, ao Ministério das Finanças a listagem das respetivas medidas de política.

“As principais medidas de política orçamental têm um impacto previsional direto no saldo de –3,7% de PIB (–10,4 mil milhões de euros) em 2024”, refere.

Últimas de Economia

O Banco de Portugal (BdP) está “a acompanhar” o tema das comissões no MB Way e “a avaliar os respetivos impactos”, após a Deco ter alertado para o risco de aumento dos custos associados a este serviço.
Os novos créditos ao consumo somaram 638,5 milhões de euros em junho, mais 0,3% em termos homólogos, mas 11,6% abaixo do mês anterior, anunciou hoje o Banco de Portugal (BdP).
A greve na easyJet registou na quinta-feira uma adesão de cerca de 70%, a mesma taxa que é esperada para o dia de hoje, revelou a companhia, adiantando que até ao momento as operações decorrem com normalidade.
O número de falências declaradas na União Europeia (UE) subiu 3,1% no segundo trimestre em comparação com os três primeiros meses do ano passado, principalmente na construção, atividades financeiras, comércio e indústria, foi hoje anunciado.
Mais de metade (52,8%) dos desempregados no primeiro trimestre deste ano continuava sem emprego no segundo trimestre, tendo 28,5% encontrado trabalho, divulgou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE).
A incubadora de empresas do Instituto Politécnico da Guarda acolhe em setembro a terceira ‘startup’ de capital americano para desenvolver uma plataforma que estabeleça correspondência entre estudantes e propostas de emprego em todo o mundo.
Os proveitos totais do setor do alojamento turístico nacional subiram 12,3% no primeiro semestre, para 2.778 milhões de euros, devido principalmente às dormidas de não residentes, que cresceram 5,8%, divulgou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE).
O Índice de Custo do Trabalho (ICT) aumentou 7,2% no segundo trimestre em relação ao período homólogo de 2023, acelerando ligeiramente o ritmo de subida face ao primeiro trimestre (6,6%), anunciou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE).
O número de passageiros nos aeroportos nacionais aumentou 5,2% no primeiro semestre, para 32,9 milhões, tendo sido registados máximos históricos nos valores mensais na primeira metade do ano, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), hoje divulgados.
A taxa de inflação homóloga fixou-se nos 2,5% em julho, menos 0,3 pontos percentuais do que em junho, confirmou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE).