Canárias sem capacidade para aguentar pressão da chegada de migrantes menores

As "Canárias não aguentam mais" a pressão a que a chegada contínua de embarcações a estas ilhas impõem aos seus serviços de acolhimento de menores, alertou hoje o porta-voz do governo local, Alfonso Cabelo.

© Facebook Open Arms

 

Numa conferência de imprensa após uma reunião do Conselho do Governo, Cabello sinalizou que está a ser considerada a remodelação de escolas abandonadas para acolher as crianças e adolescentes migrantes não acompanhados, tendo ainda apelado ao Estado para que mobilize todos os recursos necessários para fazer face ao aumento de chegadas de migrantes previsto para os meses de verão porque “a rota das Canárias está completamente aberta”.

As Canárias já mobilizaram todos os recursos disponíveis, razão pela qual pedem agora ao Estado que faça o mesmo, sublinhou o porta-voz, considerando que o delegado do Governo nas ilhas, Anselmo Pestano, “vive numa realidade paralela” ao ter referido que existem dispositivos suficientes.

A “pressão é muito elevada”, disse, tendo chegado às ilhas 19.000 migrantes desde o início do ano, sendo que nos últimos quatro dias chegaram à costa das Canárias 1.790 pessoas, havendo ainda indicação de que pelo menos duas dezenas de pessoas estão desaparecidas no mar.

De acordo com Alfonso Cabello, os esforços que estão a ser feitos para impedir essas chegadas “não estão a funcionar ou não estão a ser percebidos”.

Só nos primeiros nove dias deste mês, as autoridades contabilizaram a chegada de 200 menores não acompanhados, estando a comunidade autónoma a atender 5.671 nos 80 centros criados para o efeito e que já são insuficientes, acrescentou o porta-voz, referindo que a questão da migração foi analisada pelo Conselho do Governo.

Por isso, pede ao Estado que, “a partir de agora”, disponibilize todos os meios para dar resposta à chegada destas pessoas em pequenas embarcações e botes provenientes da costa africana, se quiser evitar a repetição do sucedido no verão de 2000 e que ficou conhecido como “o cais da vergonha”, em Arguineguín.

Cabello afirmou ainda que a medida excecional que está a ser estudada para adaptar infraestruturas escolares para alojar os menores “não é a mais adequada”, mas salientou que é a única opção disponível após terem solicitado, sem sucesso, ao Ministério da Defesa três instalações na ilha.

O responsável disse também que, na reunião da Conferencia Setorial sobre a Infância, as Canárias vão solicitar a distribuição a outras comunidades autónomas de 300 novos menores migrantes.

Na sua opinião a comissão interministerial coordenada pelo ministro da Política Territorial e ex-presidente das Canárias, Ángel Víctor Torres, deveria tratar da alocação dos recursos que são reivindicados.

Últimas do mundo

A UNICEF alertou hoje para a grave situação de desnutrição aguda que se propaga rapidamente nas áreas controladas pelo Governo internacionalmente reconhecido do Iémen, com níveis “extremamente críticos” em crianças menores de cinco anos da costa ocidental.
Paetongtarn Shinawatra, filha do controverso bilionário e antigo primeiro-ministro tailandês Thaksin, foi hoje empossada como nova chefe de governo pelo rei Maha Vajiralongkorn, no final de mais uma crise política no país.
Uma organização não-governamental venezuelana denunciou que as mulheres detidas no país são constantemente sujeitas a tratamentos desumanos que vão de tortura física e psicológica à recusa de cuidados médicos adequados.
A Comissão Europeia enviou hoje um pedido de informações à Meta, ‘gigante’ tecnológica dona do Facebook e do Instagram, sobre a descontinuação do CrowdTangle, uma ferramenta para monitorizar desinformação ‘online’, questionando quais as medidas adotadas para o compensar.
A Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) voltou hoje a pedir às autoridades que respeitem os direitos dos venezuelanos perante a “incerteza” dos resultados das presidenciais de julho, em que Nicolás Maduro foi reeleito, mas que a oposição contesta.
O Papa Francisco disse hoje estar muito preocupado com a situação humanitária em Gaza, e voltou a apelar para um cessar-fogo, pedindo ainda que seja seguido “o caminho da negociação para que esta tragédia termine logo”.
O número de 40 mil mortos hoje anunciado na Faixa de Gaza em dez meses de guerra com Israel representa um “marco sombrio para todo o mundo”, lamentou o alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk.
A reunião promovida pelos mediadores internacionais para discutir um acordo de cessar-fogo em Gaza começa hoje em Doha, Qatar, e deverá prolongar-se durante vários dias, com a ausência do movimento islamita palestiniano Hamas.
Um ‘rocket’ caiu hoje ao largo de Telavive, de acordo com o Exército israelita, que reportou um disparo a partir da Faixa de Gaza, ataque já reivindicado pelo braço armado do Hamas palestiniano.
Três anos após o regresso dos talibãs a Cabul, o Afeganistão tem uma economia de "crescimento zero", com a população atolada na pobreza, uma crise humanitária que se agrava e sem esperança de melhoria num futuro próximo.