Ex-líder catalão explica regresso à Bélgica e reitera processo de independência

O ex-presidente da Generalitat Carles Puigdemont afirmou hoje que “o processo de independência [da Catalunha] ainda não acabou”, num vídeo em que justifica a sua breve aparição na passada quinta-feira na Catalunha sem ser detido.

© Facebook/KRLSPuigdemont

 

Carles Puigdemont, que é alvo de um mandado de captura emitido pelas autoridades espanholas, justificou hoje no seu primeiro vídeo desde que desapareceu na passada quinta-feira a decisão de regressar “a Waterloo”, na Bélgica (onde está exilado), face à “repressão desencadeada” pelas autoridades espanholas.

É o que afirma um vídeo de oito minutos difundido nas redes sociais, com um cenário idêntico ao do vídeo que publicou na passada quarta-feira, no qual anunciava ter “empreendido a viagem de regresso do exílio”, filmado junto a um muro branco, ao lado da bandeira da Catalunha e de uma bandeira europeia, envergando o mesmo fato e gravata de então.

No vídeo, Puigdemont alega que, após o seu breve discurso perante de quase 3.500 apoiantes diante do Arco do Triunfo em Barcelona e sua posterior fuga sem deixar rastro e sem poder ser detido pelos Mossos d’Esquadra (polícia catalã), dando prioridade a “poder regressar a um lugar seguro, primeiro” e depois para a sua “residência belga, em Waterloo”.

Contudo, no vídeo não mostra provas de que, de facto, está na Bélgica.

O ex-presidente garante que a sua intenção ao regressar à Catalunha na passada quinta-feira, depois de sete anos de fuga, era “entrar no parlamento para estar presente na sessão” de investidura de Illa e poder exercer o seu “direito de palavra e de voto”.

Puigdemond sublinhou que desde o início da manhã [de quinta-feira] ficou claro que o Departamento do Interior havia organizado uma força policial para impedi-lo de entrar no parque Ciutadella e ali prendê-lo.

“Tentar aceder ao Parlamento teria representado uma detenção segura e não ter a menor possibilidade de abordar a câmara, que era o meu objetivo. Teria sido equivalente a uma entrega voluntária para que a minha detenção fosse efetiva”, argumentou.

O político recordou que nunca quis entregar-se “a uma autoridade judicial que não seja competente para o perseguir por defender o direito à autodeterminação” e que não tem “nenhum interesse em fazer justiça”, mas sim “fazer política”.

“Tentei o que parecia impossível para todos nós e se fracassasse, para o que estava preparado, teria custos enormes”, sublinhou.

Pelo menos três membros dos Mossos d’Esquadra foram detidos pela própria polícia da Catalunha por suspeita de terem ajudado Puigdemont a chegar ao centro de Barcelona e depois a fugir sem ser detido, na quinta-feira.

O Supremo Tribunal de Espanha recusou, num primeiro parecer, conceder a amnistia para independentistas a Carles Puigdemont aprovada pelo parlamento espanhol, pelo que o antigo presidente do governo regional continua a ser alvo de um mandado de detenção em Espanha.

Eleito deputado nas eleições catalãs de 12 de maio, Puigdemont tinha anunciado que estaria na sessão parlamentar de quinta-feira convocada para investir o socialista Salvador Illa novo presidente do governo catalão.

A polícia tinha montado um perímetro de segurança em redor do parlamento, com uma barreira policial que Puigdemont teria de cruzar para aceder ao edifício, mas nunca chegou a esse local, onde se esperava que fosse detido.

Os Mossos d’Esquadra acionaram depois a “operação Jaula”, um dispositivo de segurança, com controlo de estradas, para tentar localizá-lo, mas sem sucesso.

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