Dezenas de pediatras em falta na região Centro, avisa Ordem dos Médicos

© D.R.

O presidente da Ordem dos Médicos do Centro disse hoje que faltam pediatras “na casa das dezenas” nos hospitais da região, mas que, com exceção de Leiria e Tondela-Viseu, “não são expectáveis problemas com as urgências de Pediatria”.

Numa resposta escrita enviada à agência Lusa, na sequência das denúncias relativas às urgências pediátricas dos centros hospitalares de Leiria (CHL) e Tondela-Viseu (CHTV), Manuel Teixeira Veríssimo disse não dispor do número de pediatras em falta nos hospitais da região Centro, mas adiantou que é, “seguramente, na casa das dezenas”.

O presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos adiantou que, nos casos de Leiria e Tondela-Viseu, “tem acompanhado os acontecimentos nos dois hospitais” e “mantido reuniões regulares com as respetivas administrações”.

“A situação é difícil, porque não há pediatras para preencher todos os turnos do serviço de urgência. E, neste caso, ou as administrações conseguem encontrar médicos pediatras que venham fazer prestação de serviço nos turnos a descoberto ou a urgência terá de encerrar”, defendeu.

Por outro lado, reconheceu que, para os utentes, “o risco poderá aumentar, porque nos dias em que o serviço encerrar os doentes terão de se deslocar a hospitais que ficam a maior distância, nomeadamente a Coimbra”.

“Quanto aos profissionais, mantendo-se as equipas com o número adequado de pediatras, não haverá risco acrescido”, declarou, considerando que “nos restantes hospitais da região Centro não são expectáveis problemas com as urgências de Pediatria”.

Questionado sobre um eventual agravamento da situação face à dificuldade de assegurar escalas neste período de verão, Manuel Teixeira Veríssimo disse esperar que “se consigam encontrar soluções para os problemas já existentes e que não surjam problemas novos noutros hospitais, mas, obviamente, há sempre esse temor”.

À pergunta se a Ordem dos Médicos defende o encerramento transitório destes serviços se não estiverem em condições de prestar assistência adequada aos utentes, o presidente da Secção Regional do Centro referiu que, “se não houver condições para o funcionamento em segurança do serviço, obviamente, não poderá funcionar, mas o ideal é que se consigam encontrar pediatras que colmatem as faltas nos dias a descoberto”.

Na semana passada, médicos da Pediatria do CHL exigiram o fecho da urgência pediátrica no período noturno e do bloco de partos, e pediram que não seja aceite a atividade obstétrica do Hospital de Caldas da Rainha.

Num abaixo-assinado, a equipa médica do serviço de Pediatria do CHL exigiu, quando nos turnos haja indisponibilidade de elementos para escala e fique apenas um pediatra, o encerramento da urgência pediátrica “a todas as admissões externas”, a partir das 20:00, “de forma a garantir os cuidados adequados e em condições de segurança para os doentes internados”.

Os médicos pediram ainda o fecho do bloco de parto e defenderam também que “todas as grávidas com condições de transferência” devem ir para outras unidades hospitalares.

Os 30 médicos exigiram igualmente que não seja aceite o desvio para o CHL da atividade assistencial do serviço de Obstetrícia (internamento, bloco de partos e urgência obstétrica) da maternidade do Hospital das Caldas da Rainha (Centro Hospitalar do Oeste).

Também na passada semana, a Lusa noticiou que a urgência pediátrica do CHTV está em situação de rutura devido à falta de médicos, com risco iminente de fechar, assim como o bloco de partos.

“A situação de rutura foi, múltiplas vezes, sinalizada aos elementos de gestão e direção do hospital, sem que nada na prática se alterasse”, adiantou uma fonte do serviço de Pediatria.

Segundo esta fonte, a escala deste mês “foi realizada com o esforço dos elementos do serviço, que há muito que cumpriram as 150 horas extraordinárias”, sendo que esta conta com internos de 4.° ano na escala de especialistas, “o que vai contra qualquer regra de boa prática”.

Quanto à escala de agosto, as versões provisórias “contam com 31 buracos [considerando turnos de 12 horas] de dia e 17 à noite”, o que “significa apenas dois especialistas de dia e, em muitos casos, apenas um à noite”.

“A permanência de apenas um especialista à noite torna impossível garantir a segurança de qualquer doente que recorra à urgência externa [de pediatria]. Por outro lado, também impossibilita a execução segura de partos”, afirmou a fonte, considerando colocar-se o mesmo cenário do CHL, com “risco iminente de fecho de urgência externa e bloco de partos”.

Últimas do País

O vento continua a condicionar hoje o movimento no Aeroporto Internacional da Madeira – Cristiano Ronaldo e nenhum avião conseguiu aterrar ou descolar, segundo a ANA- Aeroportos de Portugal.
O presidente do Governo da Madeira disse que já tinha combinado na sexta-feira com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, o envio de meios da Proteção Civil do continente para a região.
Familiares do preso político luso-venezuelano Williams Dávila, atualmente num hospital local, pediram ao Governo da Venezuela para não o enviar de novo para a cadeia, advertindo que estariam a condená-lo à morte.
A Madeira vai receber 80 elementos da Força Especial dos Bombeiros, que chegarão à região na próximas horas para ajudar no combate ao incêndio rural iniciado na quarta-feira e com várias frentes ativas, anunciou hoje o Governo Regional.
A Polícia Judiciária está a investigar as causas do incêndio que deflagrou na sexta-feira à tarde na zona industrial do Prior Velho e destruiu mais 200 viaturas, tendo as operações de rescaldo terminado pelas 02:00 desta madrugada.
A PSP recebeu, em menos de 10 anos, quase 3.000 denúncias relacionadas com abandono de animais de companhia e identificou mais de 1.200 suspeitos pelo mesmo crime, divulgou hoje, Dia Internacional do Animal Abandonado, esta polícia.
Cerca de 50 famílias estão hoje a receber apoio clínico, social e psicológico no Curral das Freiras, na Madeira, depois de esta noite terem sido retiradas das suas habitações devido ao incêndio que atinge a freguesia, indicou o Governo Regional.
Nove hospitais têm hoje 11 serviços de urgência encerrados, nas áreas de Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia, segundo as Escalas de Urgência do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Grande parte do interior Norte e Centro do país continuam hoje em risco máximo de incêndio, assim como os municípios algarvios de Monchique, Silves, Loulé, São Brás de Alportel e Tavira, indicou o IPMA.
Quase 5.900 doentes foram internados em casa no primeiro semestre do ano, mais 19,5% comparativamente ao mesmo período do ano passado, permitindo reduzir a demora média de internamento e aliviar os hospitais em 54.135 dias de internamento.