Mais de 32,5 milhões de europeus não consegue fazer uma refeição adequada todos os dias

Mais de 32,5 milhões de europeus só consegue fazer uma refeição adequada dia sim dia não, revelou o relatório anual da União Europeia (UE) sobre o Estado das Regiões e Cidades, elaborado pelo Comité das Regiões e hoje divulgado.

© D.R.

O relatório aponta “a seca, as inundações e a invasão da Ucrânia” como os principais fatores que estão a agravar a crise alimentar, referindo a Bulgária como um dos países onde muitos cidadãos “só dispõem de meios financeiros para fazer um refeição adequada [com carne, frango ou peixe] dia sim dia não”.

Neste caso, adianta que ascende a 22% o número de búlgaros que só conseguem fazer uma refeição adequada dia sim sai não.

O sumário do relatório divulgado hoje em Bruxelas, no âmbito da Semana Europeia das Cidades e Regiões, que decorre até quinta-feira, realça o papel das regiões e dos municípios na gestão das crises, considerando-as “fundamentais” em questões como o acolhimento e integração de deslocados, na sequência da invasão da Rússia à Ucrânia, que “provocou o maior fluxo de pessoas deslocadas jamais enfrentado pela União Europeia (UE)”, com mais de 3,5 milhões de naturais daquele país espalhados por vários estados-membros.

Segundo o relatório, “das dez regiões da UE que acolhem o maior número de refugiados, cinco são da Polónia, quatro da Alemanha e uma da República Checa.

Do inquérito realizado nos vários países resultou a conclusão de que 83% dos órgãos de poder local (ou seja quatro em cada cinco municípios e regiões) estão prontos para contribuir para a reconstrução da Ucrânia, “através de ajuda material e financeira, de programas de geminação ou de intercâmbio de boas práticas”.

Ao nível da transição ecológica, aliás, o relatório deixa claro que “as catástrofes climáticas afetam cada vez mais as regiões” e que “a grande maioria dos dirigentes locais lamenta “a falta de mecanismos de financiamento específicos para enfrentar os desafios da adaptação às alterações climáticas”.

A estimativa apontada pela UE é de que seja necessário investir 40 milhões de euros por ano para responder ao aumento de 1,5º da temperatura mundial.

Num segundo capítulo o relatório avalia como positivo o impacto da política de coesão nas economias da UE, nos últimos 25 anos, estimando que cada euro gasto deverá gerar 2,8 euros de Produto Interno Bruto (PIB) adicional.

Porém, alerta, “continuam a verificar-se grandes disparidades regionais que, em certos casos, estão inclusivamente a acentuar-se”, já que “33% dos órgãos de poder local e regional não conhecem nem tiram partido das oportunidades de financiamento”.

O relatório alerta para a necessidade de dar maior visibilidade à política de coesão, face ao “descontentamento a longo prazo” dos territórios que “se sentem deixados para trás”.

No inquérito, 41% das regiões e municípios defenderam a simplificação da política de coesão e 36% consideram que as melhorias passam por aumentar a visibilidade desta política, admitindo Comité das Regiões propor, através da “Aliança pela Coesão”, uma reforma desta política “capaz de ajudar todos os territórios e todas as pessoas na UE”.

No que toca aos fundos da UE, os dirigentes locais afirmaram não ter participado na conceção do Mecanismo de Recuperação e Resiliência (MRR), concluindo-se que “este instrumento continua a ignorar a dimensão local.

“Permitir que os órgãos de poder local e regional proponham os domínios que devem beneficiar de apoio financeiro é a forma mais eficaz de assegurar que os fundos são utilizados de forma otimizada”, conclui o relatório.

O documento, que aponta a transição digital e ecológica como “um desafio crítico” para as regiões, deixa ainda um alerta para o risco de despovoamento das zonas rurais devido às alterações climáticas.

A estimativa é de que, entre 1993 e 2033, 30 milhões de pessoas abandonem as zonas rurais, conduzindo a um ciclo vicioso de redução do investimento em serviços públicos e à estagnação ou declínio da economia, representando “uma ameaça para a democracia europeia”.

Últimas do mundo

A UNICEF alertou hoje para a grave situação de desnutrição aguda que se propaga rapidamente nas áreas controladas pelo Governo internacionalmente reconhecido do Iémen, com níveis “extremamente críticos” em crianças menores de cinco anos da costa ocidental.
Paetongtarn Shinawatra, filha do controverso bilionário e antigo primeiro-ministro tailandês Thaksin, foi hoje empossada como nova chefe de governo pelo rei Maha Vajiralongkorn, no final de mais uma crise política no país.
Uma organização não-governamental venezuelana denunciou que as mulheres detidas no país são constantemente sujeitas a tratamentos desumanos que vão de tortura física e psicológica à recusa de cuidados médicos adequados.
A Comissão Europeia enviou hoje um pedido de informações à Meta, ‘gigante’ tecnológica dona do Facebook e do Instagram, sobre a descontinuação do CrowdTangle, uma ferramenta para monitorizar desinformação ‘online’, questionando quais as medidas adotadas para o compensar.
A Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) voltou hoje a pedir às autoridades que respeitem os direitos dos venezuelanos perante a “incerteza” dos resultados das presidenciais de julho, em que Nicolás Maduro foi reeleito, mas que a oposição contesta.
O Papa Francisco disse hoje estar muito preocupado com a situação humanitária em Gaza, e voltou a apelar para um cessar-fogo, pedindo ainda que seja seguido “o caminho da negociação para que esta tragédia termine logo”.
O número de 40 mil mortos hoje anunciado na Faixa de Gaza em dez meses de guerra com Israel representa um “marco sombrio para todo o mundo”, lamentou o alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk.
A reunião promovida pelos mediadores internacionais para discutir um acordo de cessar-fogo em Gaza começa hoje em Doha, Qatar, e deverá prolongar-se durante vários dias, com a ausência do movimento islamita palestiniano Hamas.
Um ‘rocket’ caiu hoje ao largo de Telavive, de acordo com o Exército israelita, que reportou um disparo a partir da Faixa de Gaza, ataque já reivindicado pelo braço armado do Hamas palestiniano.
Três anos após o regresso dos talibãs a Cabul, o Afeganistão tem uma economia de "crescimento zero", com a população atolada na pobreza, uma crise humanitária que se agrava e sem esperança de melhoria num futuro próximo.