Tornar carreira mais atrativa é essencial para minimizar falta de professores

O Conselho Nacional da Educação (CNE) alerta que a falta de professores em Portugal é particularmente preocupante devido ao envelhecimento da classe e considera essencial tornar a carreira mais atrativa para minimizar o problema no futuro.

© D.R.

 

O alerta foi deixado no relatório “Estado da Educação 2022”, divulgado hoje, que faz um retrato do ensino em Portugal e, à semelhança dos anos anteriores, sublinha o envelhecimento da classe docente como um dos aspetos mais preocupantes.

“Não sendo esta uma situação exclusiva de Portugal, (…) o aumento da taxa de envelhecimento dos professores portugueses e a diminuição da taxa de entrada de novos professores colocam o país, face à média dos países europeus, num contexto ainda mais preocupante”, refere o relatório.

De acordo com os dados referentes a 2021/2022, as escolas públicas tinham, nesse ano letivo, 131.133 professores, resultado de uma tendência consecutivamente crescente desde 2014/2015, após uma quebra significativa no anterior, quando havia menos 10 mil docentes.

Para isso, contribuiu a transferência de professores do setor privado para o público e um ligeiro aumento do número de diplomados na área da educação, dois fatores que são, no entanto, insuficientes para compensar o envelhecimento.

Mais de metade dos educadores e professores tinha, em 2021/2022, 50 anos ou mais, sendo que cerca de 30 mil tinham acima de 60 anos. Significa que um quarto dos docentes poderão sair do sistema educativo nos próximos anos, alerta o CNE.

Mas a falta de professores já é visível nas escolas e afeta todos os anos milhares de alunos, sobretudo no primeiro mês de aulas, quando se regista o pico dos horários a concurso, mas também ao longo do ano letivo.

As maiores dificuldades continuam a sentir-se na Área Metropolitana de Lisboa e nos grupos de recrutamento de educação especial, português, informática e 1.º ciclo.

“A necessidade de pedidos de horários ao longo do ano e a contratação a nível de escola podem estar também relacionadas com o aumento significativo de ausências por motivo de saúde dos professores”, refere o relatório.

Segundo o documento, quase 90% dos professores dizem sentir ‘stress’ no trabalho e defendem a necessidade de “repensar um conjunto de medidas que garantam condições efetivas de bem-estar dos professores”.

No entender daquele órgão consultivo do Ministério da Educação, a resposta para o problema da falta de professores deve passar, essencialmente, por melhorar a atratividade da profissão, algo que reconhece ter sido feito pelo atual Governo com a criação de “condições de estabilidade em termos de vínculo profissional”.

O CNE refere-se, por exemplo, ao novo mecanismo de vinculação dinâmica que permite que os docentes sejam integrados nos quadros à medida que acumulem o equivalente a três anos de serviço, mas acrescenta que persistem problemas.

Além de uma carreira muito longa, em relação a outros países europeus, o relatório refere a existência de vagas de acesso aos 5.º e 7.º escalões, deixando muitos docentes retidos nos escalões anteriores, e uma diferença remuneratória “muito significativa” entre os escalões, em início e final de carreira.

Por outro lado, o CNE recomenda também o reforço do modelo de formação inicial, estratégias de integração de novos profissionais que promovam a colaboração com os colegas mais experientes, e a reorganização de tempos e espaços de prestação do serviço para “humanizar a relação pedagógica”, diminuindo a burocracia e o número de alunos por professor.

O ainda reduzido, apesar de crescente, número de diplomados em cursos que conferem habilitação para a docência é também motivo de preocupação.

Há dois anos, saíram das instituições de ensino superior 1.682 jovens aptos para dar aulas, mais 151 do que no anterior.

Há áreas, no entanto, em que esse número diminuiu e alguns cursos de onde não saiu qualquer diplomado naquele ano, relacionados com o ensino de línguas estrangeiras como inglês, francês, espanhol e alemão.

Últimas do País

O vento continua a condicionar hoje o movimento no Aeroporto Internacional da Madeira – Cristiano Ronaldo e nenhum avião conseguiu aterrar ou descolar, segundo a ANA- Aeroportos de Portugal.
O presidente do Governo da Madeira disse que já tinha combinado na sexta-feira com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, o envio de meios da Proteção Civil do continente para a região.
Familiares do preso político luso-venezuelano Williams Dávila, atualmente num hospital local, pediram ao Governo da Venezuela para não o enviar de novo para a cadeia, advertindo que estariam a condená-lo à morte.
A Madeira vai receber 80 elementos da Força Especial dos Bombeiros, que chegarão à região na próximas horas para ajudar no combate ao incêndio rural iniciado na quarta-feira e com várias frentes ativas, anunciou hoje o Governo Regional.
A Polícia Judiciária está a investigar as causas do incêndio que deflagrou na sexta-feira à tarde na zona industrial do Prior Velho e destruiu mais 200 viaturas, tendo as operações de rescaldo terminado pelas 02:00 desta madrugada.
A PSP recebeu, em menos de 10 anos, quase 3.000 denúncias relacionadas com abandono de animais de companhia e identificou mais de 1.200 suspeitos pelo mesmo crime, divulgou hoje, Dia Internacional do Animal Abandonado, esta polícia.
Cerca de 50 famílias estão hoje a receber apoio clínico, social e psicológico no Curral das Freiras, na Madeira, depois de esta noite terem sido retiradas das suas habitações devido ao incêndio que atinge a freguesia, indicou o Governo Regional.
Nove hospitais têm hoje 11 serviços de urgência encerrados, nas áreas de Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia, segundo as Escalas de Urgência do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Grande parte do interior Norte e Centro do país continuam hoje em risco máximo de incêndio, assim como os municípios algarvios de Monchique, Silves, Loulé, São Brás de Alportel e Tavira, indicou o IPMA.
Quase 5.900 doentes foram internados em casa no primeiro semestre do ano, mais 19,5% comparativamente ao mesmo período do ano passado, permitindo reduzir a demora média de internamento e aliviar os hospitais em 54.135 dias de internamento.