Incêndios. Acusado de 14 crimes em 2023 exige ser julgado presencialmente

O homem acusado de 14 crimes de incêndio no verão passado, na maioria no concelho do Cadaval, exigiu hoje, no início do julgamento no tribunal de Loures, ser julgado presencialmente, obrigando ao adiamento da sessão.

© D.R

Em causa, explicou a juíza responsável pelo caso, esteve “um mal-entendido” entre o Estabelecimento Prisional de Lisboa, onde o acusado se encontra detido preventivamente, e o tribunal.

A juíza acrescentou que hoje é dia de greve dos guardas prisionais e que, por isso, o acusado não pôde ser transportado para o Juízo Central Criminal de Loures, no distrito de Lisboa.

Questionado pela magistrada sobre se aceitava ser julgado por videoconferência nesta primeira sessão, o acusado rejeitou essa possibilidade e comunicou que pretende ser julgado presencialmente, como é seu direito.

O Ministério Público (MP) acusou o arguido, de 31 anos, trabalhador da construção civil, por 14 crimes de incêndio ocorridos maioritariamente na serra do Montejunto, no concelho do Cadaval, no distrito de Lisboa.

Segundo a acusação, o homem ateava os fogos rurais nas deslocações entre os locais de residência, no Cercal, e de trabalho, em Alguber (situados no mesmo concelho), planeou os fogos e utilizou artefactos preparados para retardarem a ignição.

O arguido, sem antecedentes criminais, foi detido pela Polícia Judiciária (PJ) em 16 de agosto, quando circulava no seu veículo, no interior do qual foram encontrados materiais usados na construção dos artefactos.

Na altura da detenção, o diretor da Diretoria de Lisboa e Vale do Tejo da PJ, João Oliveira, explicou que o suspeito estava a ser “investigado há vários meses” e que foi detido em flagrante delito.

“Os incêndios provocados pelo arguido colocaram em perigo mato, armazéns e habitações próximas, a si alheios, de valor não concretamente apurado, […] os quais apenas não foram consumidos pelo fogo devido à rápida intervenção dos bombeiros e populares”, descreve o MP.

Os fogos consumiram uma área total de sete hectares, correspondentes em alguns casos a povoamento florestal.

O início do julgamento foi adiado para 04 de julho, às 13:30, tendo a juíza assegurado que comunicará ao estabelecimento prisional a marcação de transporte do acusado.

A magistrada judicial pediu desculpas às testemunhas que se deslocaram hoje ao tribunal e reforçou a importância de estarem presentes no dia 04 de julho, de forma a acelerar o julgamento, para terminar antes das férias judiciais, recordando que “o acusado está preso”.

Esta não é a primeira vicissitude deste julgamento, adiado no dia 20 de junho por renúncia do advogado de defesa. O novo jurista indicado pelo tribunal pediu então tempo para se inteirar do processo.

O arguido está acusado de 14 crimes de incêndio, por fogos postos nos dias 26 de julho de 2023 em Outeiro da Cabeça (Torres Vedras), 27 e 28 de julho no Peral (Cadaval), 31 de julho em Figueiroa e Alguber (Cadaval), 04 de agosto em Alguber, 05 de agosto num eucaliptal junto à Estrada Nacional 366, no Cadaval, 07 de agosto em Casal Caniço e Cercal (Cadaval), 11 e 12 de agosto na Sobrena (Cadaval) e 16 de agosto em Alguber.

Segundo a acusação, o homem está ainda acusado de 11 crimes de condução sem habilitação legal.

O MP não conseguiu provar que o arguido foi o autor de outros dois incêndios: em 12 de julho, na Espinheira (Cadaval), que só foi dominado ao fim de nove horas de combate, tendo envolvido mais de meio milhar de bombeiros, centena e meia de veículos e 13 meios aéreos; e em 03 de agosto, na Póvoa (Cadaval), que envolveu 146 operacionais, 44 veículos e seis meios aéreos.

A serra do Montejunto, nos concelhos de Alenquer e do Cadaval, no distrito de Lisboa, foi classificada como paisagem protegida de âmbito regional em 1999, com os objetivos de conservar e valorizar a paisagem e o património natural e promover o turismo.

Ponto mais alto da região Oeste, eleva-se a 666 metros de altitude e possui uma área de quase cinco mil hectares, onde existem 400 espécies de plantas e 75 espécies de aves diferentes.

Últimas do País

O vento continua a condicionar hoje o movimento no Aeroporto Internacional da Madeira – Cristiano Ronaldo e nenhum avião conseguiu aterrar ou descolar, segundo a ANA- Aeroportos de Portugal.
O presidente do Governo da Madeira disse que já tinha combinado na sexta-feira com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, o envio de meios da Proteção Civil do continente para a região.
Familiares do preso político luso-venezuelano Williams Dávila, atualmente num hospital local, pediram ao Governo da Venezuela para não o enviar de novo para a cadeia, advertindo que estariam a condená-lo à morte.
A Madeira vai receber 80 elementos da Força Especial dos Bombeiros, que chegarão à região na próximas horas para ajudar no combate ao incêndio rural iniciado na quarta-feira e com várias frentes ativas, anunciou hoje o Governo Regional.
A Polícia Judiciária está a investigar as causas do incêndio que deflagrou na sexta-feira à tarde na zona industrial do Prior Velho e destruiu mais 200 viaturas, tendo as operações de rescaldo terminado pelas 02:00 desta madrugada.
A PSP recebeu, em menos de 10 anos, quase 3.000 denúncias relacionadas com abandono de animais de companhia e identificou mais de 1.200 suspeitos pelo mesmo crime, divulgou hoje, Dia Internacional do Animal Abandonado, esta polícia.
Cerca de 50 famílias estão hoje a receber apoio clínico, social e psicológico no Curral das Freiras, na Madeira, depois de esta noite terem sido retiradas das suas habitações devido ao incêndio que atinge a freguesia, indicou o Governo Regional.
Nove hospitais têm hoje 11 serviços de urgência encerrados, nas áreas de Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia, segundo as Escalas de Urgência do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Grande parte do interior Norte e Centro do país continuam hoje em risco máximo de incêndio, assim como os municípios algarvios de Monchique, Silves, Loulé, São Brás de Alportel e Tavira, indicou o IPMA.
Quase 5.900 doentes foram internados em casa no primeiro semestre do ano, mais 19,5% comparativamente ao mesmo período do ano passado, permitindo reduzir a demora média de internamento e aliviar os hospitais em 54.135 dias de internamento.